A negligência ambiental e os “frutos” para o município de Ubá. É tarde demais para mudar?
- MSc Jonas Ferrari Morais
- 9 de abr. de 2020
- 2 min de leitura
Demos início a uma nova década enfrentando a primeira pandemia global deste século. Milhares de mortes, milhões de infectados, muitas incertezas e uma pergunta: por quê?

Não precisamos discutir tal questão em âmbito global quando temos uma problemática dentro de uma esfera muito menor, o nosso município. O ano de 2020 mau começou e a cidade Ubá já passou por três enchentes, sendo as últimas duas as maiores já registradas. Caos sanitário, problemas na economia, a cidade “aos cacos” e ainda temos a mesma pergunta: por quê?
A resposta pode parecer muito simples, mas SIM, este é o resultado de décadas de negligência ambiental por parte dos políticos de nosso município e de toda a região.
A região outrora conhecida como Zona da Mata por suas empoderadas, robustas e extensas faixas de Mata Atlântica, hoje pode ser chamada de “Zona da Moita”, referenciando o termo usado por pesquisadores da Universidade Federal de Viçosa no livro “Herpetofauna da Zona da Mata de Minas Gerais”. O livro apresenta dados como o fato de que atualmente, nossa região possui apenas aproximadamente 10% de sua vegetação nativa original, com sua paisagem composta por pequenos fragmentos de florestas secundárias, quase sempre localizadas em topos de morros e encostas, e cercados por pastagens[1].
E com toda essa chuva ainda pode faltar água? Sim, a possibilidade de o abastecimento da cidade ser prejudicado é grande. Isso porque a água que deveria infiltrar no solo com ajuda das florestas e seguir seu caminho natural até as nascentes, está escoando direto para os rios e causando as enchentes, deslizamentos e outras catástrofes ditas como “naturais”.
2020 será lembrado pelos moradores de Ubá e região como o ano em que a natureza deu a sua lição. E nós podemos mostrar que aprendemos muito com isso e fazer diferente daqui pra frente. Neste ano de eleição, procure por candidatos que prezem pelo meio ambiente, que tenham propostas socioambientais robustas, que façam mais que asfaltar ruas, arrumar praças e organizar eventos. Procure quem realmente queira fazer diferente. Se não aprendermos agora, talvez a próxima lição da “mãe natureza” venha com “a mão um pouco mais pesada”.

[1] Herpetofauna da Zona da Mata de Minas Gerais. Clodoaldo Assis; Jhonny José Magalhães Guedes; Sofia Luz; Renato Neves Feio. ISBN: 978-85-94390-03-5. Outubro de 2018.
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