top of page

Músicos fazem apelo ao Governo Federal para enfrentar pandemia

  • Foto do escritor: onoticiario
    onoticiario
  • 24 de mar. de 2020
  • 5 min de leitura

Diante da pandemia do coronavírus, músicos decidiram divulgar uma carta aberta ao Governo Federal, com sugestões de medidas a serem tomadas para mitigar a crise da doença que afeta todo o país. Em um dos trechos, a carta afirma que "O setor da música decerto é um dos mais impactados pela crise do coronavírus. As atividades de praticamente todas as empresas desta área foram de 100 a 0 em menos de duas semanas. A crise deve perdurar por pelo menos mais quatro a cinco meses. Por outro lado sabemos que a cultura, a música é um setor vital, com alto impacto em geração de renda, emprego e desenvolvimento, que gera uma fatia expressiva do PIB regional e nacional".


Vários números são apresentados para fundamentar a argumentação, como o cancelamento ou adiamento de aproximadamente. 3 mil eventos musicais. Para apoiar a carta, basta acessar o link e realizar uma assinatura virtual. Até o momento, quase 3 mil pessoas assinaram.

Leia abaixo a íntegra da carta:

O setor da música decerto é um dos mais impactados pela crise do coronavírus. As atividades de praticamente todas as empresas desta área foram de 100 a 0 em menos de duas semanas. A crise deve perdurar por pelo menos mais quatro a cinco meses. Por outro lado sabemos que a cultura, a música é um setor vital, com alto impacto em geração de renda, emprego e desenvolvimento, que gera uma fatia expressiva do PIB regional e nacional. De acordo com dados da PNAD Contínua 2019 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE revelou que o setor cultural como um todo emprega 5,2 milhões de pessoas, ou 5,7% da força de trabalho ocupada no país, incluindo artistas, produtores, gestores, técnicos, equipes de segurança e apoio, entre muitas outras categorias. O segmento é responsável por 4% do PIB nacional, contando com 300 mil empresas de pequeno e médio porte[1]. Há que se ressaltar que entre 2014 e 2018, houve redução na proporção de empregados com carteira assinada (de 45,0% para 34,6%) e aumento dos trabalhadores por conta própria (de 32,5% para 44,0%) na cultura. Em vista disso, a informalidade, representada por empregados e trabalhadores domésticos sem carteira, trabalhadores por conta própria e empregadores que não contribuem para a previdência social, além de trabalhadores familiares auxiliares, aumentou no setor cultural, passando de 38,3% em 2014 para 45,2% em 2018[2].

Neste contexto, cabe pontuar que o maior impacto da crise causada pela pandemia se dará justamente sobre os profissionais que são autônomos, informais, MEls e temporários, percentual estimado em 65% do total da força de trabalho da área[3]. Todos precisam fazer um esforço redobrado para mitigar os impactos da crise do coronavírus sobre o setor cultural e criativo (e os demais criar condições para acelerar a recuperação quando for possível.

De acordo com estudos realizados por diferentes órgãos e veículos de mídia, entre os principais impactos econômicos que afetarão especificamente a área da música dentro do setor cultural podemos citar: - De norte a sul, pelo menos 11 festivais não irão mais acontecer nas datas previstas; Fonte: https://blog.mapadosfestivais.com.br/ja-foi-adiado-confira-os-festivais-de-musica-do-brasil-que-tiveram-suas-datas-alteradas-pelo-coronavirus-e-o-que-fazer/ - Mais de 30 shows de médio e grande porte foram adiados e estão ainda sem nova data confirmada; Fonte: https://online.socialwave.com.br/coronavirus-status-de-eventos-musicais - Até o momento cerca de 3 mil eventos musicais foram afetados, gerando ao setor um prejuízo inicial de mais de 30 milhões de reais, e impacto direto/indireto em milhares de trabalhadores do setor e afetando um público estimado em 3,4 milhões de pessoas; Fonte: https://www.simsaopaulo.com.br/news/512_qual_o_impacto_do_coronavirus_no_mercado_brasileiro_de_musica - Só em São Paulo, o decreto que suspende a operação de estabelecimentos comerciais irá afetar pelo menos 300 casas de show/espaços para música ao vivo que geram aproximadamente 7.500 postos de trabalho e movimentam R$ 195.000.000,00 por ano e que tem como “participação na bilheteria” a principal prática de pagamento para artistas que nelas se apresentam.[4] Fonte: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,o-que-abre-e-o-que-fecha-no-comercio-de-sao-paulo-durante-a-quarentena-do-coronavirus,70003240447 Desta forma, nós, profissionais da música (artistas, técnicos de som e luz, roadies, produtores, empresários e outras atividades fundamentais ao pleno funcionamento da cadeia), listamos abaixo propostas urgentes a serem consideradas pelo Governo Federal para que amenizem-se os já existentes e os vindouros prejuízos financeiros aos profissionais da música, de forma que não fiquemos sumariamente desassistidos em nossas necessidades básicas enquanto cidadãos e formadores da cadeia econômica de nossa nação: 1. Impostos ⦁ Diferimento do recolhimento dos impostos e contribuições aplicáveis ao setor cultural e criativo por ao menos 6 meses e pagamento posterior parcelado em até 24 meses, incluindo empresas inscritas no Simples e em regimes diferenciados; ⦁ Diferimento dos impostos e contribuições que já estejam sendo pagos parceladamente, incluindo empresas inscritas no Simples e em regimes diferenciados; ⦁ Para os contribuintes sujeitos ao regime de lucro real, suspensão temporária do pagamento das estimativas mensais e pagamento quando do ajuste anual. 2. Crédito ⦁ Lançamento de linha de crédito de capital de giro para empresas do setor pelo BNDES e pelos bancos estatais, com juros reduzidos, carência de 12 meses e pagamento em 60 meses, com juros sensivelmente menores aos já aplicados pela instituição. 3. Fomento direto ⦁ Lançamento imediato de edital para o conjunto do setor musical do país do Fundo Nacional de Cultura; ⦁ Lançamento imediato de editais para o setor musical. Com pelo menos RS 1 bilhão, oriundo do Fundo Setorial da Música; ⦁ Lançamento de edital para projetos realizados em formato online, de início imediato; ⦁ Lançamento de edital para projetos realizados (online ou não, no caso de haver a possibilidade de início imediato), de projetos voltados especificamente a artistas periféricos e de manifestações culturais típicas/regionais, sabidamente a fatia mais afetada da classe neste momento. 4. Fomento indireto ⦁ Apelo às empresas estatais que mantenham e ampliem o seu fomento à cultura por meio de leis de incentivo, visando os projetos para o segundo semestre (com liberação de recursos imediata). ⦁ Flexibilização de prazos (captação, realização, prestação de contas) e de regras (sobretudo as relativas a contrapartidas) na Lei Federal de Incentivo à Cultura, com fast track para redimensionamentos e adiamentos de realização. ⦁ Redução do limite de movimentação para 10% do valor captado para realização dos projetos projetos. 5. Outros ⦁ Realização de campanha de estímulo ao consumo de conteúdos culturais on-line, enfatizando que a cultura está fazendo a sua parte no enfrentamento da crise do coronavírus; ⦁ Realização de campanha para o público não solicitar reembolso dos ingressos dos show e eventos cancelados neste período e aguardar novas datas após o término das determinações de isolamento social, de forma que os produtores consigam manter a perspectiva de suas datas, ainda que futuramente, bem como um giro mínimo de capital durante o período sem trabalho; ⦁ Após o fim da crise, realização de campanha de estímulo ao consumo de conteúdos e experiências culturais presenciais; ⦁ Suspensão por 120 dias de protestos e cobranças de dívidas; ⦁ Anistia de contas de água, luz e aluguel por 120 dias para os profissionais que comprovarem renda total através da realização de shows, festivais e eventos relacionados a música através de CNPJ de enquadramento na área ou currículo comprobatório (analisado por comissão eleita pela sociedade civil e vinculada à Secretaria Especial de Cultura); ⦁ Solicitação de Seguro Desemprego para Pessoas Jurídicas enquadradas na categoria MEI e Pessoas Físicas que exerçam função no setor, através de currículo comprobatório (analisado por comissão eleita pela sociedade civil e vinculada à Secretaria Especial de Cultura); ⦁ Liberação do FGTS para empresas enquadradas em ME e outras categorias que possuam contribuição retida no Fundo de Garantia de Tempo de Serviço; ⦁ Distribuição de cesta básica para os profissionais do setor através de parcerias com a indústria alimentícia local, por intermédio da doação de itens. Imprescindível que as empresas doadoras tenham algum tipo de dedução fiscal a ser alinhada com o governo estadual ou até mesmo na esfera municipal, como alguma alíquota de desconto no IPTU ou ICMS. ⦁ Obrigatoriedade, junto às companhias aéreas, do reembolso integral sem o pagamento de multa de bilhetes aéreos emitidos por empresas do setor da música para a realização de shows e turnês (nacionais e internacionais) cancelados em decorrência das medidas emergenciais para a aviação por conta da pandemia da COVID-19. [1]Disponível em < https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2020/03/estados-tentam-criar-saidas-para-reduzir-prejuizos-do-coronavirus-na-cultura.shtml [2] Disponível em < https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/26235-siic-2007-2018-setor-cultural-ocupa-5-2-milhoes-de-pessoas-em-2018-tendo-movimentado-r-226-bilhoes-no-ano-anterior> [4] Disponível em < http://datasim.info/wp-content/uploads/2019/01/Pesquisa_Mercado_Musica_SaoPaulo_aovivo_parte1_DATASIM_2018.pdf?

COM INFORMAÇÕES DE JORNAL O TEMPO

Commentaires


Destaque
Últimas
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Facebook

JORNAL O NOTICIÁRIO © 2016 TODOS OS DIREITOS RESERVADOS

bottom of page