Ronan David: o queridinho do Felipão que saiu de Tocantins e conseguiu chegar à Europa
- Mateus Gori
- 5 de dez. de 2018
- 4 min de leitura

Nascido na cidade de Piraúba, Ronan cresceu e foi criado no Bairro Patrimônio, na vizinha Tocantins, onde demonstrava desde a infância a paixão pelo futebol com as clássicas peladas de rua, nas quais foram firmadas amizades que duram até os dias de hoje.
Foi no time mais tradicional da cidade, o Itararé, que tiveram início os primeiros treinos de verdade, com fundamentos e noções mais aplicadas, com o treinador Clebinho. No clube ocorreu um amistoso contra uma equipe de Tabuleiro, treinada na época pelo ex-jogador de Vasco, Corinthians e Seleção, Felipe Alvim, que se encantou pelo atacante e ofereceu uma oportunidade de ouro, como conta Ronan. “Ele gostou de mim e me levou pra fazer uma peneira no Fluminense, onde fui aprovado no meio de uns 200 meninos, logo depois fui treinar com o grupo principal na época, categoria mirim, com 12 anos e fui aprovado”.
Em Xerém, onde fica a base tricolor, viveu metade de sua infância, convivendo com jogadores desconhecidos na época e com muito sucesso hoje em dia, como Kenedy, emprestado pelo Chelsea ao Newcastle; Dalbert da Inter de Milão e Marlon, vendido esta temporada pelo Barcelona ao o Sassuolo, da Itália. Vários com contato até hoje, como ele mesmo afirma: “[...] alguns ainda falo, outros tenho contato, mas nada em especial. Destes, talvez as pessoas mais próximas são o Marlon e o Kenedy. O Marlon, inclusive, me convidou para o casamento dele ano passado, que infelizmente não pude ir”.
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“Não sei o que seria da minha vida sem o futebol e quem tem esse sonho tem que encarar desta maneira, nunca desistir”.
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Uma sequência de lesões atrapalhou o seu futuro no clube carioca, mesmo assim possibilitou um período de treinos no Parma, tradicional clube italiano, primeira experiência de Ronan fora do país. “Talvez foi a melhor experiência da minha vida. Um dos fatores de não ter ficado no Fluminense, foi que quando conheci o Parma e eles iriam apostar em mim, voltei pro Flu, mas com pensamento de que tinha que fazer tudo pra voltar a Itália. Fui muito pressionado pelas pessoas que me acompanhavam na época, que acabaram não tomando boas decisões para minha carreira”.
Depois da passagem pelo Fluminense e pela Itália, o tocantinense conheceu outro empresário, que com muitos contatos, fez com que ele fosse para o Sub-19 do Grêmio, outro gigante do futebol brasileiro. No tricolor gaúcho, jogou na base com jogadores que estão hoje na Seleção Brasileira, como Walace, Arthur e Everton, e teve sua primeira chance como profissional com um dos técnicos mais vitoriosos do futebol brasileiro. “Sou muito grato ao Felipão pela oportunidade, pude fazer minha estreia como profissional e realizar um sonho de criança. Foi incrível jogar no Mineirão lotado, infelizmente a exibição não foi das melhores, mas é comum no futebol. Não estava preparado para o momento. Depois do jogo, o Felipão me chamou no quarto dele e me deu muita moral pra nunca desistir que iria ter um futuro brilhante. Na minha passagem, o Kléber Gladiador estava machucado e o Barcos era capitão do time, ele me ajudou muito”.

Logo após a passagem pelo Grêmio, surgiu sua primeira oportunidade profissional na Europa, onde explica com detalhes. “Em 2015 tive proposta de vários clubes de Portugal, inclusive equipes da primeira divisão. Escolhi a Sanjoanense porque o projeto era muito bom, um clube histórico com bons profissionais e tempo necessário para trabalhar, pois estava muito tempo sem jogar e precisava estar mais solto, sem tanta pressão. Com o destaque, fui para o Rio Ave, que é um grande clube internamente. Aos poucos vem crescendo e mostrando seu valor, fruto de uma grande organização. Desde que cheguei ao clube sempre brigamos pela Liga Europa, no qual já entramos duas vezes. Foi muito bom dividir o vestiário no começo com um cara como o Hélder Postiga, com toda sua história na seleção portuguesa e o fato de ser jogador da cidade, foi muito interessante”.
A temporada europeia está na metade e o Rio Ave contratou para esta temporada o renomado Fábio Coentrão, ex-jogador do Real Madrid e da seleção portuguesa. O ano, porém, não está sendo como Ronan desejava, mas a expectativa segue alta. “Infelizmente venho sofrendo muito com as lesões, desde as categorias de base até agora. Mas este ano foi o momento mais difícil. Passar por uma cirurgia, é uma sensação diferente. Graças a Deus estou superando, estou na fase final da minha recuperação (de 3 a 4 meses, fui operado 8 de agosto em Barcelona) e estou voltando a treinar aos poucos. Ainda não tive muito contato com Fábio, porque como disse, não estou treinando, mas dentro do clube toda gente o conhece por ser da cidade e me parece ser um cara muito tranquilo. Este ano temos um grupo muito jovem, que está se valorizando muito, temos ambição de buscar os primeiros lugares no campeonato e ir à final da taça de Portugal”.

O jovem de 23 anos, torcedor declarado do Flamengo, confirma que teve propostas para voltar ao Brasil nos últimos dois anos, mas no momento foca no seu sonho de jogar a Liga dos Campeões da Europa.
Para finalizar, Ronan David manda uma mensagem para a meninada que sonha em ser profissional no futebol: “Recado que passo para todos os meninos que sonham em ser jogador de futebol, é que nunca desistam desse sonho, acredite em si mesmo e trabalhe duro. É um caminho muito longo e difícil, mas traz prazer e alegria. Não sei o que seria da minha vida sem o futebol e quem tem esse sonho tem que encarar dessa maneira. Nunca desistir”!
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