Exposição em Ubá homenageia o centenário do fotógrafo Celidonio Mazzei
- Ana Santos
- 22 de nov. de 2018
- 3 min de leitura

A arte fotográfica de Celidonio Mazzei completará cem anos e para homenageá-lo, no dia 08 de dezembro, data de seu aniversário, haverá a inauguração de sua mostra fotográfica, no Auditório Ary Barroso, Fagoc, localizado na rua Doutor Adjalme da Silva Botelho, 20, bairro Seminário, em Ubá. Um importante acervo, que poderá ser visto por todos, com direito a projeção de filmes e fotografias históricas.
No dia 08 de dezembro de 1888, na região da Toscana, Itália, nascia o futuro fotógrafo Celidonio Mazzei, que migrou com seu pai para o Brasil, se estabelecendo em Minas Gerais. A família desembarcou no Rio de Janeiro, mas registrou-se na hospedaria dos imigrantes em Juiz de Fora, em setembro de 1897. Dali, foi para a fazenda Sant`Anna da Serra, no antigo Sapé de Ubá, atual município de Guidoval.
Celidonio foi educado no campo, plantando café, fumo e cuidando dos animais. Alfabetizou-se sozinho. Em 1910, saiu de casa e estabeleceu-se em Visconde do Rio Branco, onde trabalhou como pedreiro e estudou música e pintura. Logo foi incluído na banda da cidade, tocando bombardino, entretanto, foram outras vertentes da arte que o cativaram e ele começou a traçar a carreira no campo visual.
Em 1913, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde se inscreveu na Casa Berthe, que formava profissionais no ramo da fotografia. Por quinhentos mil réis, adquiriu um manual teórico de fotografia, comprou uma câmera com película ortocromática e acessórios necessários à atividade que então resolvera abraçar. Sem luz elétrica para revelar e copiar, usava iluminação de velas ou luz natural. Assim percorria fazendas e arraiais.
O fotógrafo decidiu fixar-se em Visconde do Rio Branco, produzindo ampliações e retoques a crayon, montou seu primeiro atelier. Em 1918 já atuava profissionalmente em toda a Zona da Mata. A pé ou a cavalo, Celidonio percorria o interior, fotografando e ganhando assim o seu sustento. Em 1921, iniciou suas atividades na imprensa, dando asas à sua veia jornalística, junto com o jornalista Luiz Aroeira, editou a revista “Terra Mineira” em Visconde do Rio Branco.
Em 1925 expôs seus trabalhos fotográficos em Ubá e sua mostra obteve tanta repercussão, que ele decidiu se mudar para o município. A fixação de um fotógrafo na cidade foi tão bem acolhida, que a Sociedade Italiana de Beneficência lhe ofereceu um lugar para morar, no andar térreo do seu sobrado, na Praça da Independência, lugar onde nasceu a maioria dos seu filhos e onde Mazzei deu surgimento ao seu “Photo Dom Viçoso”.
Fotografou o presidente Arthur Bernardes e as visitas dos presidentes Eurico Gaspar Dutra, Humberto Castello Branco e vários outros. Ninguém que passasse por Ubá e cidades próximas, que fosse de importância política, intelectual ou artística, escapava dos cliques de Celidonio Mazzei, que também registrou momentos dramáticos da Revolução de 1930, quando Ubá foi bombardeada, e a partida dos milicianos da Legião de Voluntários.
Através de uma filmadora de 16mm registou, a partir dos anos 50, muitos dos acontecimentos políticos e sociais da região. São imagens raríssimas e exclusivas. Sua clientela aumentou e o fotógrafo resolveu fundar o "Stúdio Mazzei", considerado o Palácio da Fotografia.
Em 1968, a Câmara Municipal lhe outorgou o título de "Cidadão Honorário de Ubá" e numa promoção dos Diários Associados, recebeu o diploma de "Honra ao Mérito" pelos brilhantes serviços por ele prestados à fotografia. Celidonio, exerceu sua profissão por 70 anos. Faleceu em Ubá, em 20 de maio de 1980.

Para os que já apreciam a obra de Celidonio Mazzei, a exposição estará aberta à visitação pública, no Fórum Cultural, de Ubá, até o dia 30 de dezembro. Para os que ainda não haviam atentado para a relevância do mestre, será uma possibilidade de percorrer um caminho de descobertas sobre a luz.
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