Você sabe como vive um vegano? Pedro Paulo de Toledo, adepto e curioso sobre o tema explica como é e
- Amanda Pacelli
- 4 de out. de 2017
- 5 min de leitura

Você sabe como é o modo de vida vegano? Com certeza você já ouviu falar em Veganismo e Vegetarianismo. Mas você sabe qual a diferença entre um termo e outro? Pedro Paulo Mendonça Toledo, acadêmico em Direito e vegano há dois anos, falou à nossa equipe sobre esse modo de ver as coisas.
Um dos motivos que levou o jovem a adotar o Veganismo foi não acreditar estar sendo honesto com ele mesmo quando consumia produtos de origem animal ou testado em animais "me sentia mal quando descobria que aquele produto, destinado a mim, havia causado dor e sofrimento em outros seres". Não só adepto desse estilo de vida, Pedro é um estudioso e curioso sobre o assunto.
O Noticiário: A questão dos animais, da empatia mesmo, te influenciou? Pedro Paulo: Sim. Desde pequeno somos todos veganos. Um dilema do ativista americano Gary te faz pensar. Ele pede para que você coloque dentro de um berço, junto com um bebê, um pintinho e uma maça. Qual dos dois você acha que ele vai comer? Com essa e outras questões consegui enxergar e me tornar vegano pelo direito dos animais.
ON: Interessante. Qual a diferença entre o vegano e o vegetariano? PP: As pessoas que são veganas, levam um estilo de vida veganista, ou seja, absolutamente tudo no nosso dia-dia que tem ligação com a exploração animal é boicotado. Já os vegetarianos, são pessoas estritamente ligadas à alimentação, que não consomem alimentos que contenham produtos de origem animal. Com essa premissa, é possível afirmar que todo vegano é vegetariano, mas nem todo vegetariano é vegano.
ON: Quem não é nenhum dos dois é o quê? Carnita? Esse termo existe? PP: "Carnista" é o termo que usamos para definir seres humanos que comem carne. É sabido que o ser humano não é carnívoro! Essa conclusão se chega pela análise de um aspecto fisiológico, do próprio corpo do homem. Por exemplo: Nós não temos caninos grandes o suficiente para morder um couro animal ainda vivo. Você não vai conseguir. Temos o maxilar móvel característico de herbívoros. Não temos garras para caçar ou patas para correr na velocidade de um lobo. Pois bem. Não somos carnívoros. Os seres humanos que gostam de carne são Carnistas.
ON: No que isso mais influenciou na sua vida (ou saúde) até hoje? PP: Como sou Vegano há pouco mais de 2 anos, não tenho de concreto um diagnóstico para apresentar. Pelo pouco tempo em que fiz essa mudança radical, frequentei médicos e realizei exames de praxe que apontam eu estar em plena saúde física. Agora, eticamente falando ser responsável pelas minhas atitudes me dá um certo alívio. Acredito todos os dias quando acordo que estou fazendo a coisa certa.
ON: E no mercado você tem esse costume de olhar os rótulos? PP: Sim. Preciso ter. Isso fica automático ao longo do tempo nas compras do mês. São muitos ingredientes que ao meu ver são desnecessários em certos produtos. Um bom exemplo é o macarrão. Porque eu deveria comprar um macarrão à base de ovo se este tem o mesmo sabor do macarrão feito de sêmola? Não tem necessidade de explorar a pobre galinha pra saborear uma boa comida.
ON: Às vezes passa algum ingrediente despercebido? Quando/se isso acontece bate um peso na consciência? PP: Tenho a consciência de tudo que está ao meu alcance eu faço nas melhores das intenções. Após me tornar vegano, nunca consumi um produto que tenha ingrediente com base em carne, porém, já passaram despercebidos alguns produtos que tinham leite ou ovo. Isso não me pesa a consciência, quando ainda há tempo, paro de comer e dou para alguém e nunca mais compro aquele produto.

ON: Fale um pouco dessa iniciativa que, querendo ou não é individual, e da relação com o meio ambiente. PP: Somos todos do meio ambiente. Somos bichos porém mal criados. Tivemos a graça divina - para quem acredita, ou não - de ter consciência e desenvolver uma inteligência absurda em comparação com outros animais terráqueos. Deveríamos aproveitar essa inteligência e não destruir o mundo em que vivemos, nossa única casa. Não tem para onde fugir. Se destruirmos esse planeta, destruiremos nossas vidas consequentemente, e, de todos aqueles que aqui habitam. Por isso é essencial você se conectar com a natureza. Respeitá-la.
ON: Você acredita que reduzir o consumo pode causar um grande impacto futuramente? PP: Impacto pra melhor, com toda certeza! Imagine um mundo evoluído tecnologicamente e conectado com a própria natureza. Toda criança um dia sonhou em ter uma casa na árvore. Acredito estar aqui outra essência do veganimo. Somos conectados com a natureza.
ON: Para a indústria não é interessante incentivar ao veganismo? PP: Acredito sim. Quando as indústrias gigantes que dominam os mercados conquistarem essa nova ótica do eticamente correto, é visivelmente claro que não sairão prejudicadas. Um bom exemplo, é o fato, da maior empresa de refrigerantes do mundo, a coca-cola, que perdeu clientes para as empresas que produziam sucos naturais, passou a comprar essas empresas e produzir os sucos. O mercado não sai prejudicado, pois ele volátil às tendências dos consumidores.
ON: Os produtos destinados aos veganos são mais caros, certo? PP: Isso é mito. Façamos um teste. Uma semana vá no açougue e compre R$ 50,00 reais de carne, outra semana, vá até uma feira e compre 50,00 reais de vegetais, cerais, frutas e legumes. Aposto que você vai ter muito mais comida durante a segunda semana. Ademais, quando a sociedade passar a se preocupar por produtos que sejam livres de sofrimento animal, as empresas se adequarão e industrializarão esses produtos. Quanto maior a demanda e a produção mais barato fica.
ON: A gente ouve muito as pessoas - especialmente mais velhas - falarem que nosso organismo precisa de carne: até onde isso é verdade? PP: Pois bem. Devido ao nosso período pré histórico, em que nossos antepassados aprenderam a fazer ferramentas para caçar e comer, criou-se a cultura do consumo de carne. Essa cultura do consumo de carne, poderia, e ao meu ver, deveria ter sido deixada para trás quando aprenderam as manhas da agricultura. Nós, biologicamente falando, somos herbívoros. Produzimos nossas próprias proteínas à base de uma alimentação balanceada.
ON: A Ciência usa animais em seus testes, qual sua opinião sobre? PP: Infelizmente ainda usa. Há várias pesquisas de fácil acesso pela internet, em que estudam meios mais inteligentes e sem crueldade de realizar testes de medicamentos e outros. Não acho que a evolução do homem deve ser baseada no sofrimento dos nossos semelhantes. Se a sociedade pecou até os dias de hoje, não devemos continuar cometendo os mesmos erros. Somos seres extraordinários e adaptativos. Temos tecnologia e inteligência de sobra para manter um mundo justo para todos os terrestres. Recentemente circulou na internet um vídeo de um macaco após uma cirurgia craniana todo bobado e seus pesquisadores rindo da situação. Isso é ser humano?
ON: Digamos que você se restrinja mais à questão da alimentação: mas e para a mulher que usa cosméticos, maquiagens, como ela vai saber se o produto foi testado em animais? PP: Muito fácil. Antes de comprar qualquer produto, faça uma pesquisa na internet ou entrem em contato pelo SAC com as empresas que os fabricam pois têm a obrigação de te informar o processo de produção daquele item. Por lei são obrigados e te informar.
ON: Conta pra gente então uma piada de vegano, tenho certeza que você tem uma. PP: Escutei essa em uma palestra do Leandro Karnal, grande filósofo contemporâneo e tomei como piada para uma conversa descontraída sobre veganismo. A pergunta é: “Você sabia que o bacon, toicinho, torresmo é bom para prevenir o Alzheimer? Porque te faz morrer antes de desenvolver.”
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