Representante do Life Down em MG fala dos direitos das pessoas deficientes
- onoticiario
- 21 de set. de 2016
- 4 min de leitura
O Dia Nacional de Luta das Pessoas Deficientes é comemorado anualmente, desde 1982, em todos os estados brasileiros. A data serve como momento para refletir e buscar novos caminhos e como divulgação das lutas por inclusão social.
A representante do Projeto Life Down no estado de Minas Gerais, Mariana Cereza, que é advogada e mãe de uma criança de 2 anos com Síndrome de Down, explica que a “luta” do Projeto Life Down é, em grande parte, trazer informação para que as famílias de portadores de necessidades especiais possam ter mais conhecimento de como podem fazer para assegurar os direitos de seus entes queridos:
“São várias situações em que pessoas com deficiência são submetidas por vezes injustamente e não coerente com o que diz a Lei. Como exemplo, podemos citar abusividade de planos de saúde, em querer cobrar a mais em razão da deficiência, ou mesmo deixar de atender da forma como necessita a criança/pessoa sob argumentos questionáveis. Escolas que deixam de aceitar alunos em razão de deficiência, sob o argumento que não há vagas disponíveis ou então aceitação com exclusão do aluno, ou seja, sem um plano específico para atender aquela criança, deixando-a de lado, ou mesmo não disponibilizando um profissional de apoio (quando necessário); Indeferimentos de benefícios previdenciários devidos…e uma série de outros direitos que vemos sendo lesados. Nossa luta é combater isso pela informação”.

Para ter uma medida da importância da discussão a respeito do tema, segundo, o IBGE, no Brasil 14,5% da população tem algum tipo de deficiência (algo em torno de 24,5 milhões de pessoas).
Movimento contra a desigualdade
A equipe do Ubá em Pauta conversou com a representante do Life Down em Minas Gerais, Mariana Cereza. Ela falou a respeito do objetivo e atuação do projeto em Ubá e região, como também dos avanços alcançados até o momento. Confira abaixo a entrevista:
UP: Qual seu papel dentro do Life Down e qual é o objetivo do projeto?
Mariana Cereza: Desde o ano de 2015 sou representante do Projeto Life Down no estado de Minas Gerais, e, desde então estamos trabalhando junto de pais e profissionais parceiros para levarmos informação de qualidade para profissionais, estudantes, pais e demais interessados nesta causa.
UP: O que te levou a fazer parte do Life Down?
Mariana: Sou advogada e também mãe de três crianças, sendo o meu filho caçula uma criança de 2 anos que tem Síndrome de Down. Desde a faculdade sempre me interessei pela luta dos direitos humanos e sua real efetivação na sociedade, especialmente com as pessoas mais desfavorecidas. Quando meu filho Henrique nasceu, foi um susto e realmente tivemos que buscar apoio e informação de todas as formas possíveis. Conheci pessoas no Brasil todo, e comecei também a me engajar nesse movimento bom. Nessa época, em 2014, conheci a Raquel Pereira que junto com seu marido David Pereira fundaram a Life Down no Estado de Maceió e tiveram essa magnífica ideia de criar um portal informativo e de apoio às famílias e profissionais que é a Life Down. Costumo dizer que a Life Down hoje é um projeto, que visa levar a bandeira da informação às pessoas para que assim possamos juntos desobstruir barreiras. Então, apesar de termos grupos de pais, encontros com trocas de experiências, promover palestras informativas e apoio às demais entidades envolvidas nessa questão, também temos nosso portal pela internet, que está sempre atualizado com muito carinho e atenção. Nosso grupo de Ubá é composto por cerca de 25 famílias e 06 profissionais que estão sempre nos dando dicas sobre saúde, educação, desenvolvimento, estimulação dos bebês. Também faço parte da Comissão da OAB do Idoso, da Criança e Adolescente e da Pessoa com Deficiência. A OAB de Ubá está também sempre nos apoiando. Esse trabalho com as pessoas me faz sentir mais motivada e me traz uma imensa alegria de poder contribuir com pessoas que vivem realidades que nem a minha. Contribuir ainda que de forma pequena, mas de alguma forma.
UP: Você sente engajamento das pessoas que não possuem um ente portador de deficiência com a causa do Projeto Life Down?
Mariana: Por incrível que pareça sim. Claro que existem vários tipos de pessoas, mas acredito que com a tecnologia, as informações tão mais claras como estão hoje em dia com o uso da internet principalmente, as pessoas estão mais solidárias com essa questão que é muito importante, não só quando se trata de pessoas com deficiência, mas pensar no outro como se fôssemos nós mesmos. A Life Down não sou eu, a Life Down somos todos nós, parceiros, profissionais, pais que assim como eu lutam para combater desigualdades e pela inclusão de portadores de deficiência na sociedade. A expectativa das pessoas com Síndrome de Down aumentou nos últimos dez anos em 30 anos em razão da participação delas na sociedade, enquanto que, das demais pessoas aumentou em cinco anos. São dados convincentes que nos mostram os benefícios de inserir pessoas com deficiência na sociedade, e esse benefício é maior ainda para as demais pessoas que estão aprendendo a conviver e respeitar o que é diferente, afinal, ser diferente é normal. (risos).
UP: Você vê atenção do Governo voltada aos portadores de necessidades especiais?
Mariana: Vejo sim, temos muitas leis que beneficiam pessoas com deficiência, tais como: isenção de impostos, isenção de IPVA, aposentadoria por invalidez, Lei Orgânica de Assistência Social (LOAS), direito à educação inclusiva com acompanhamento de um profissional de apoio, direito à saúde, prioridade nos atendimentos, direito ao trabalho… e muitos e muitos que a maior parte da população, principalmente pais desconhecem. Caso o Poder Público não tivesse a atenção necessária não teríamos tantos direitos já conquistados. Falta ainda é conhecermos para podermos pleiteá-los de forma eficaz.
UP: Quais conquistas já foram alcançadas regionalmente falando?
Mariana: Estamos [agindo] desde julho de 2015 oficialmente. De lá para cá, já fizemos vários encontros com familiares, palestra na OAB e na Apae, presença em encontros, seminários e eventos sobre Atendimento Educacional Especializado. Em Muriaé, nossa Representante Marina inaugurou uma Instituição que se chama Mateus Senna, que nos encheu de alegria e ainda mais motivação. Temos muitos planos e a nossa intenção é também ter uma sede própria, porém, ainda precisamos de arrecadar fundos a construir uma boa estrutura.
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